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Nos Limites do Corpo será inaugurada no dia 5 de novembro e ficará em cartaz até 18 de fevereiro.

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Mostrar as diferentes relações entre o corpo da mulher, a maternidade, questões de gênero, a cultura e a sociedade. Esse é o desafio da exposição “Nos Limites do Corpo”, que será inaugurada no próximo dia 5 de novembro, a partir das 14h, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (CMAHO). A mostra reúne obras dos artistas Cristina Salgado, Gabriela Mureb, Hélio Carvalho e Roberta Barros, que acompanharam o dia a dia de atendimento no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti. A curadoria é de Tania Rivera e Luiz Sérgio de Oliveira. A exposição, com fotos, instalações e vídeos ficará no CMAHO, no Centro do Rio, até o dia 18 de fevereiro de 2017.

O projeto de residência artística partiu de um convite da direção clínica do próprio hospital, que assiste pacientes de alto risco, e contou com o seu atento acompanhamento. Durante meses, os artistas acompanharam a rotina do hospital, sempre em contato com a equipe médica, os pacientes e seus acompanhantes.

O Hospital da Mulher Heloneida Studart ofereceu um amplo campo de ação e pesquisa para arte, já que expõe diferentes aspectos do universo feminino. A unidade incorpora um público não só de mulheres gestantes, mas também de maridos, mães, filhos e amigos das pacientes. No hospital funciona a Casa da Mãe, residência coletiva para mães que já obtiveram alta, e que moram há mais de 50 quilômetros da unidade, se hospedarem, para garantir a amamentação de seus bebês ainda internados. Há no local, também, uma unidade específica de socorro a mulheres vítimas de violência sexual.

Com isso, os artistas tiveram a oportunidade de acompanhar diversos aspectos que cercam as mulheres, a maternidade e a sociedade, que suscitam debates sobre questões fundamentais acerca de corpo, gênero e sexualidade. O corpo da mulher, que na gravidez e no parto passa por transformações e gera vida, também sofre influências sociais e culturais, com a imposição de limites, papéis e representações. Os trabalhos, que mostram toda essa complexidade, também abordam as relações de poder no campo da saúde e fora dele, as relações entre políticas de contracepção e religião, além de outros temas.

A mostra faz parte do projeto “Arte, Mulher e Sociedade”, da Secretaria Municipal de Cultura, e tem a curadoria de Luiz Sérgio de Oliveira e Tania Rivera. A realização da exposição é da Relacionarte Produções Culturais. A mostra pode ser conferida às segundas, quartas e sextas-feiras, das 12h às 20h, e às terças, quintas e sábados, de 10h às 18h. A entrada é franca e o endereço do CMAHO é Rua Luiz de Camões, 68.

CONFIRA OS TRABALHOS

CRISTINA SALGADO
A artista visual Cristina Salgado apresenta quatro obras na exposição. Em Menina de 8 Anos e Mater Dolorosa, ela utiliza refletores para projetar imagens de uma menina que aparenta estar feliz e, em composição, projeta a imagem da Mater Dolorosa, de 1670, do espanhol Pedro Roldan, que parece estar distorcida. Já em Filha, mãe e copos d’água com luz, a artista retrata, em desenho, uma cena vivenciada por ela durante o trabalho no Hospital da Mulher Heloneida Studart.

Em A origem do mundo (Verônica Anunciação), Cristina usa um pesado “sargento” vermelho (ferramenta de marcenaria para segurar objetos) para prender um caderninho de anotações com um desenho a lápis de uma mulher prestes a parir. Por fim, o vídeo Grande nua no H. Mulher Heloneida Sudart foi feito durante a montagem da obra Grande nua, na recepção do ambulatório, com alunas do Ciep Afonso Henriques Lima Barreto, que foram convidadas pela diretora do hospital para palestras sobre sexualidade responsável. As alunas acabaram ajudando na montagem da obra e gravaram os vídeos com conversas sobre arte e feminino.

GABRIELA MUREB
Gabriela Mureb é artista visual, professora de Artes Visuais da UFRJ, tem mestrado e é doutoranda em Linguagens Visuais pela UFRJ. Durante o tempo em que esteve no Hospital da Mulher, ela escolheu o Centro Cirúrgico como espaço de vivência e pesquisa. Nos vídeos e materiais apresentados na exposição, Gabriela mostra gestos e procedimentos que podem ser corriqueiros para os médicos e profissionais, mas que são acontecimentos impressionantes para quem assiste.

A obra também mostra a relação entre os procedimentos cirúrgicos – em sua grande maioria cesarianas – e as cenas de cinema: ali, tudo é preparado – temperatura, luzes, máquinas, técnicas, ferramentas, médicos – para um acontecimento central: a operação de um corpo. A cirurgia é realizada no único ponto do corpo que permanece exposta, uma pequena janela de pele onde se dará o primeiro corte: todo o resto é coberto por tecidos azuis. E sobre esse ponto, onde corta-se a carne, debruçam-se as mãos que operam.

HÉLIO CARVALHO
Mestre em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (1999), com dissertação sobre as possibilidades de montagem e reconfiguração proporcionadas pelos processos de criação multimidiáticos. É Professor Adjunto do Departamento de Arte da UFF e atualmente Coordena o Curso de Graduação em Artes dessa instituição. Na exposição, apresentará vídeos e fotos de registro de Deambulatório, trabalho realizado no Hospital da Mulher Heloneida Studart.

ROBERTA BARROS
Roberta Barros é artista visual, mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da EBA/UFRJ e vencedora do Prêmio Gilberto Velho de Teses (2014). Desde 2014 participa do projeto “Arte, Mulher e Sociedade – residência artística em maternidade pública”, no Hospital da Mulher Heloneida Studart, realizando trabalhos de performance de temáticas como violência obstétrica, violência institucional, violência contra a mulher.

Em setembro deste ano, a performance Tomar para si foi realizada em salas de espera do hospital. Na ação, a artista tricotou um cordão umbilical com o comprimento suficiente para a criar uma barriga prenhe e, no fim, o cordão umbilical foi desfeito, esvaziando a barriga. O trabalho, cujo registro em vídeo estará na exposição “Nos Limites do Corpo”, propõe o debate sobre o empoderamento da mulher, a liberdade de decisões sobre o próprio corpo e a implementação de políticas públicas de planejamento familiar e aborto.

Publicou o livro Elogio ao toque: ou como falar de arte feminista à brasileira e é pós-doutoranda do Departamento de Arte do Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF.

SERVIÇO
NOS LIMITES DO CORPO: Residência artística no Hospital da Mulher
Abertura: 5 de novembro, 14h às 18h
Exposição: de 7 de novembro de 2016 a 18 de fevereiro de 2017
Local: Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica – Rua Luiz de Camões, 68, Centro
Horário: segundas, quartas e sextas-feiras, de 12h às 20h | Terças, quintas-feiras e sábados, de 10h às 18h

Foto: Martino Frongia

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Redação Rio Notícias

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